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by Amilton
Tempos contados
Tempos passados
Tempos esperados
Espera feliz
Tempo de ser
Tempo que foi
Tempo que virá
Espera feliz
Tempos e tempos
Horas
Minutos
Passado....
Presente....
Futuro...
amilton
by Amilton
Muitas vezes basta apenas um simples sorriso, e uma pequena história pode trazer grandes lições. Diariamente podemos nos deparar com o bem ou o mal, com o belo e o feio, com o amor e o ódio, com a humildade ou o orgulho, mas cabe a nós fazermos as escolhas e diante delas colher bons frutos ou não. Ser ouvido, quantas pessoas cruzam a nossa vida todos os dias demonstrando aflição diante da vida, sentimentos escondidos, problemas diversos, mas que realmente precisam ser ouvidas, nem que seja um simples "olá,como vai?", um simples aperto de mão, ou um abraço caloroso,e inúmeros problemas poderiam desaparecer, ou simplesmente descobrir que nunca existiram.
Ao atender uma criança, a mãe que a acompanhava foi muito mais além do "olá,como vai?", ela demonstrou uma necessidade enorme de extravasar algo que estava preso, que precisava ser dito. Ela simplesmente precisava ser ouvida... E foi falando... Falando que problemas ela tinha muitos,mas que não era a única a tê-los, faltava-lhe dinheiro,mas conseguia viver com o pouco que tinha, procurava ser honesta, frequentou pouco a escola, mas a maior escola mesmo tem sido a vida, os ensinamentos são diários e árduos... De toda a conversa algo inusitado me chamou a atenção, o fato de a senhora relatar propositalmente para que a filha a ouvisse contando que a 40 anos atrás ela havia extraído todos os dentes porque simplesmente estava "na moda". Pois é, como ela mesma disse "tava na moda". Uma moda que sobrevivia à base da falta de informação, da falta de acesso a um atendimento de qualidade, da exclusão de uma profissão que era puramente elitista, que colocava à margem do sistema quem não tinha dinheiro para frequentar um consultório odontológico. Muita coisa mudou , é certo que ainda existe exclusão, que ainda existem milhões de desdentados, pois sofremos de um paradoxo ao sermos um dos países com o maior número de faculdades de odontologia, ao mesmo tempo temos o maior número de desdentados do mundo, e um dos maiores índices de cárie do planeta. Que vida paradoxal! Que mundo contundente! Que caminhos ainda teremos de percorrer!
Avanços tecnológicos não significam necessariamente avanços sociais qualitativos. Somente com educação, com acesso à informação, com a estruturação de uma nova forma de pensar e fazer sáude conseguiremos colocar em prática a ideologia de um sistema não excludente.
Que daqui a 40 anos possamos olhar para trás e perceber o quanto melhoramos, o quanto evoluimos, quantas desigualdades foram derrubadas, quantos preconceitos foram deixados para o passado...
Abraçosss
by Amilton
Pedir desculpas, perdoar sempre, incondicionalmente... Nossas atitudes muitas vezes nos levam a tomar decisões precipitadas, insensatas, rápidas,e sem volta. Mas parar e pensar antes de agir seria o primeiro passo rumo à uma vida mais equilibrada.E como agir diante da dor? Da dor física, da dor espritual? As respostas podem estar em vários manuais de auto-ajuda, mas nem sempre são tão fáceis assim...
Diante do medo, da dor, da incerteza, nos tornamos seres diferentes do real, assumimos o imaginário que talvez esteja dentro de nosso inconsciente. A dor muitas vezes nos redime, nos faz crescer...
Uma pequena paciente, uma criança de 9 anos entrou assustada no consultório, e a primeira atitude dela foi pedir desculpas, pelo medo, pelas lágrimas que escorriam de seu rosto assustado. Uma criança, algumas palavras, e o pedido de desculpas que tentava mascarar o medo incontido, revestido de traumas anteriores, de dores talvez diárias, recorrentes, absurdas, inúteis... A fome, o medo, a solidão, quem será responsabilizado? Muitas dores, poucos culpados, mas muitas vítimas...
Vamos sempre ter medos, mas nem sempre vamos ter coragem de demonstrá-los. Nossas máscaras nos impedem, nossos personagens nos imprimem falsas reações, nosso mundo imaginário assume cores e formas distintas, e assim vamos seguindo, vamos sufocando...
Que escorram lágrimas de perdão, de desculpas, de amor.
Que os demônios sejam exorcizados.
Que a paz e a harmonia nos imprimam na alma o sentido concreto do real viver!
Abraçosss
by Amilton
Numa manhã chuvosa, pouco fora das atividades normais de um consultório público, um senhor de 88 anos chamou minha atenção. Aparentando cansaço e dor, ele chegou à procura de atendimento odontológico, a dor o incomodava a dias, até que decidiu, depois de 88 anos ir ao dentista. Para a citada ocasião, a melhor roupa, o melhor calçado, tudo muito bem ,se não fosse a dor que só crescia mais e mais. Questionado por nunca ter ido ao dentista, a resposta foi curta e rápida: "-Eu nunca tive a oportunidade..." Foi justamente aí que parei pra pensar quantos senhores e senhoras ainda existem em nosso país que são marginalizados, que mascaram suas dores e são excluídos pelo sistema. Somos os campeões mundiais em faculdades de odontologia, por outro lado temos os maiores índices de desdentados do mundo. Um antagonismo paradoxal.
Depois de anos com políticas meramente exclusivistas e excludentes, nosso país caminha para a tentativa de mudar um quadro epidemiológico traumático e desgastante socialmente,ou seja, trabalhar o lado social e humanizado da saúde, tentar evitar, prevenir, mas também dá assistência curativa a quem sente dor e tem inúmeros problemas. Um longo caminho a se percorrer, mas sou otimista. Se cada um fizer a sua parte chegaremos a obter bons resultados.
A primeira vez ao dentista aos 88 anos de vida pode parecer um absurdo, mas infelizmente situações como essa são comuns na vida diária do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), modelo de atenção primordial e exemplar, mas distorcido e muitas vezes não colocado em prática na sua real necessidade.
Que surjam cada vez mais políticas voltadas para o idoso, não somente medidas assistencialistas que se baseiam em programas que não mostram resultados eficazes,mas propostas verdadeiramente humanas de inclusão social, de valorização,e não de tratamento do idoso como um "retardado", mas como alguém que ainda tem muito a nos ensinar.
Que a primeira vez chegue mais cedo e que aos 88, aos 98, aos 108 anos possamos dar belos sorrisos.
Abraços