O Incrível Aborto de Antonia


Antonia fazia pré-natal odontológico, estava grávida de três meses. Mãe de outros dois, ela aparentava tranquilidade durante as visitas ao consultório odontológico. Como muitas outras gestantes de minha área de abrangência, convencê-las de que ir ao dentista não traria mal nenhum, e que gestação não é doença foi um processo longo, demorado. E não foi diferente com Antonia...
Mas sem motivos ,ela deixou de ir ao consultório odontológico. Foi então que através do Agente Comunitário de Saúde fiquei sabendo que Antonia sofrera um aborto. Era uma menina,mas Antonia já estava em casa e passava bem.
Depois de quase um ano, para surpresa geral, Antonia retorna ao consultório acompanhando seu filho de dez anos. E foi então que Antonia contou sua história...
Depois de sair do hospital, acreditando ter perdido a filha, ela refugiou-se em casa. A tristeza, segundo ela, era enorme. O médico falou que era uma menina,mas que estava tudo bem,tinha retirado tudo que restava do feto. Medicada, Antonia foi levada para casa...
O tempo foi passando, e a barriga de Antonia só crescia,crescia... Até que nos últimos dias,prestes a dar a luz, ela descobriu que não tinha sofrido aborto nenhum, que a criança continuava lá, e que aproximava-se a hora do parto.
Levada às pressas para o hospital ela deu a luz a uma menina, que hoje cresce saudável.
Antonia nem cogitou a possibilidade de processar o médico e o hospital, ela só agradece todos os dias pela curetagem feita para remover o feto ter sido tão ineficiente que manteve a criança lá,crescendo,viva...
Um absurdo tudo isso, o pior poderia ter se concretizado, e a criança poderia ter sido retirada sem necessidade, por alegação de um aborto que nunca existiu.
Antonia teve sorte, e a criança mais ainda, que não passaram a fazer parte das estatísticas que crescem diariamente relacionadas a mortes neonatais, seja por um pré-natal mal realizado ou por pura falta de atendimento adequado durante o parto. E assim,muitas mães ainda morrem...
Que a história de Antonia não se repita tão assustadoramente...
Vida longa à Antonia!


amilton




Vítima e Algoz


Lendo o Blog do Dentista, o JV me fez lembrar da época que tive todo o meu cabelo cortado e cabeça raspada com barbeador! Isso mesmo, um terror... Um trote que me fez ficar careca por um bom tempo. Acho bom nem lembrar muito...
Depois de um tempo, que de calouro você não tem mais nada, e é aí que vem a vingança. Bem,mas minha vingança não contemplou cabeças raspadas, não,nada de violência física. Mas criou uma confusão na Faculdade de Odontologia que estudava. E não posso dizer que este post também não existiria sem a célebre participação da "portuguesa",como era chamada minha amiga Indira ,que veio de Lisboa cursar Odontologia por aqui.
Eu e Indira aproveitamos a ausência do professor na sala dos calouros e fomos nos vingar. Sérios e portando documentos que nos identificavam como representantes de uma ONG que recrutava acadêmicos de Odontologia para estágio, para isso seria apenas necessário pagar uma "simbólica" taxa, e uma foto 3x4 para a ficha de inscrição. Dos 40 alunos, apenas 1 não se inscreveu porque não estava com o dinheiro e nem a foto. Mas já era suficiente... Eles caíram no nosso conto!
Pegamos as fotos e afixamos na entrada da faculdade com os dizeres: ODONTO-OTÁRIOS, e lá tinha o mapa com a chegada até o churrasco que faríamos no dia seguinte com a grana que eles deram para a tal ONG. Um dos calouros ficou irado, queria a grana de volta, e a foto dele também,claro! Fomos todos parar na coordenação do curso! Devolvemos a grana dele,mas o churrasco foi um sucesso,e os calouros também marcaram presença.
Depois desse fato, eu e Indira nos exilamos, e ficamos um bom tempo sem andar pelos corredores da faculdade.
Mas tenho certeza que pela beleza natural de Indira, dos seus olhos verdes estonteantes, acho que nenhum calouro seria otário suficiente para não ir ao churrasco...


amilton

Yokut


Da rotina diária do consultório odontológico, do previsível ao inusitado, tudo pode acontecer saindo da boca de pacientes por vezes impacientes, inseguros, tristes,alegres...
Muitos confundem as relações sociais e levam para o lado sentimental beirando ao amor platônico codificado em idas ao consultório para tratamento. Foi assim com uma senhora que queria porque queria passar o carnaval comigo, e haja paciência para sair dessa saia tão justa. A ética sempre prevalece.
Hoje uma adolescente insistiu em saber se eu tinha "YOKUT". Subitamente falou: "Você tem yokut?", e eu respondi que não ,não tenho. A mesma paciente já havia deixado inúmeros bilhetinhos com flores e desenhos de corações. Até querer me adicionar no yokut dela.
Não alonguei o papo sobre a rede de relacionamento virtual confundida pela paciente, mas tratei de mudar o foco da conversa para algo mais real, sobre o tratamento dela que estava findando e algumas recomendações de higiene bucal.
E o yokut? Bem, o yokut que ,na verdade, nada mais é do que o famoso orkut , foi apenas o coadjuvante da tentativa da adolescente de começar uma conversa que não fosse restrita aos assuntos de Saúde Bucal. E o yokut ficou para trás...


amilton